Moda como negócio: O Brasil que é fashion

País movimenta uma indústria bastante próspera na criação de roupas. E Santa Catarina tem bons exemplos no setor




A moda é uma incógnita para muitos brasileiros. Alguns consideram pura futilidade as regras de um mercado que incentiva o consumidor a trocar as roupas do armário a cada seis meses. Outros acham que os desfiles são coisa de maluco e que os estilistas só levam às passarelas peças que ninguém usaria nas ruas. Mas a moda é mais que isso: é um produto direto da cultura de um país e movimenta uma indústria bastante próspera, com forte geração de empregos. E Santa Catarina tem bons exemplos neste mercado.




Um deles é a catarinense AMC Têxtil, dona de grifes como Colcci e Forum. Enquanto a Colcci é uma grife mais jovem, a Forum é voltada a um público consumidor adulto e com maior poder aquisitivo.



Mas o que une as duas marcas é o modo de fazer marketing. Ambas são representadas por duas das mais importantes modelos do mundo. A Colcci tem como garota-propaganda a top model Gisele Bündchen e a Forum faz suas campanhas com a britânica Kate Moss. O objetivo é chamar a atenção para as marcas e transportar ao máximo a imagem de glamour das musas das passarelas para as roupas.



Embora incipiente, a cultura de moda brasileira avança a passos largos. Pesquisa anual realizada pelo Global Language Monitor (empresa que monitora as palavras mais buscadas na mídia e na internet) aponta São Paulo como uma das dez cidades mais influentes para o mercado mundial de moda, ao lado de nomes como Nova York, Paris e Milão. Nos anos anteriores, a capital paulista não havia ultrapassado a 33ª posição do ranking. A mudança se explica, em parte, pela consolidação de um calendário fashion no país, que oxigena a produção e dá visibilidade às marcas.



Mercado de luxo está atento ao país



E os compradores estrangeiros estão de fato cada vez mais interessados nas roupas e acessórios produzidos por aqui. A Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), responsável pelo Projeto Comprador, que ocorre paralelamente à SPFW, trouxe 35 compradores internacionais na edição de junho. O número de pré-pedidos foi 25% maior do que na edição passada. Quem mais comprou foi o Oriente Médio e a Índia.



"O comprador quer produtos que fujam da massificação. São atraídos pelas matérias-primas naturais, pelas interferências manuais nas peças e pela sustentabilidade na produção" comenta Rafael Netto, diretor-executivo do Texbrasil, programa da Associação Brasileira da Industria Têxtil e de Confecção (Abit).



Lá fora, o Brasil se destaca pela moda festa, linha praia e lingerie. As matérias-primas naturais, como palhas e sementes, chamam a atenção no mercado internacional. Além de exportar moda, o Brasil é visto como o melhor mercado consumidor de vestuário entre os 20 países emergentes analisados por uma pesquisa da empresa de consultoria A.T Kearney.



"O país é muito promissor para investimentos em vestuário. É um dos principais destinos para os varejistas globais" garante Markus Stricker, vice-presidente da A.T Kearney na América do Sul.



Para se ter uma ideia, em 2008 quase 20 marcas internacionais de luxo iniciaram suas operações no Brasil. Para os próximos cinco anos, a previsão é que mais de 50 marcas do setor abram lojas por aqui.



Outro atrativo brasileiro está no fato de o país ser hoje um dos poucos a dominar todas as etapas do processo de produção, que vai do tratamento da matéria-prima, passando pela produção do fio e a elaboração de diferentes tecidos, com inúmeras tecnologias.



"A cadeia têxtil é muito longa e aqui se dominam todos os elos dessa produção" analisa Markus.



Um entrave, no entanto, é a qualidade da mão de obra. Estilistas encontram dificuldade em transformar a criação em peças de verdade.



"Temos de nos esforçar para fazer um produto com mais qualidade. A indústria de malha e roupa casual estão cada dia mais fortes, no entanto, temos de pensar num prêt-à-porter de luxo. Para isso, precisamos investir em maquinário, tecnologia e novos materiais" comenta o estilista Reinaldo Lourenço.

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